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O Distúrbio do Processamento Auditivo Central (DPAC) e o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) são condições que frequentemente geram confusão, devido à semelhança de alguns sintomas. No entanto, tratam-se de problemas distintos, cada um com suas características, causas e abordagens de tratamento. Neste artigo, vamos explorar as diferenças e inter-relações entre DPAC e TDAH, além de estratégias para ajudar crianças que apresentam essas condições.
O que é DPAC?
O Distúrbio do Processamento Auditivo Central é caracterizado por uma dificuldade em processar informações sonoras, mesmo que a audição periférica esteja normal. Isso significa que a criança pode ouvir os sons, mas tem dificuldade em interpretá-los adequadamente.
Sintomas comuns do DPAC:
– Dificuldade em compreender instruções verbais, especialmente em ambientes barulhentos.
– Problemas em distinguir sons semelhantes ou acompanhar conversas.
– Necessidade frequente de repetição das informações.
– Lentidão em responder a estímulos auditivos.
Impacto na aprendizagem:
O DPAC pode afetar habilidades de leitura, compreensão auditiva, e até mesmo a interação social, já que a criança pode parecer “desatenta” ou “distraída” em situações que exijam atenção auditiva.
O que é TDAH?
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é um transtorno neurobiológico que afeta o controle da atenção, a regulação do comportamento e a capacidade de se concentrar.
Sintomas comuns do TDAH:
– Dificuldade em manter a atenção em atividades por longos períodos.
– Impulsividade, como falar ou agir sem pensar.
– Hiperatividade, incluindo inquietação constante e dificuldade para permanecer sentado.
– Problemas em seguir instruções ou concluir tarefas.
Impacto na aprendizagem:
O TDAH pode prejudicar o desempenho escolar devido à dificuldade em se concentrar, organizar materiais e lidar com instruções múltiplas. Crianças com TDAH também podem enfrentar desafios sociais devido à impulsividade.
DPAC e TDAH: Como Diferenciar?
Embora DPAC e TDAH compartilhem alguns sintomas, como desatenção e dificuldades de comunicação, existem diferenças importantes:
– Origem do problema: O DPAC está relacionado à forma como o cérebro processa os sons, enquanto o TDAH é um transtorno neurocomportamental que afeta várias áreas do funcionamento cognitivo.
– Contexto dos sintomas: No DPAC, as dificuldades de atenção são mais evidentes em ambientes ruidosos ou durante atividades auditivas específicas. No TDAH, a desatenção ocorre em diversos contextos, independentemente do tipo de estímulo.
– Avaliação especializada: Diagnosticar o DPAC exige exames auditivos específicos, como testes de processamento auditivo, enquanto o TDAH é identificado através de avaliações comportamentais e questionários.
É possível ter DPAC e TDAH ao mesmo tempo?
Sim, uma criança pode apresentar comorbidade, ou seja, ambas as condições ao mesmo tempo. Essa combinação pode intensificar os desafios enfrentados, tanto no contexto educacional quanto no social. Por exemplo, a dificuldade em processar sons (DPAC) pode exacerbar os problemas de atenção e organização típicos do TDAH.
Nesse caso, é essencial que o diagnóstico seja feito por uma equipe multidisciplinar, incluindo médicos, psicopedagogos e fonoaudiólogos.
Intervenções e Suporte
A abordagem para crianças com DPAC e/ou TDAH deve ser personalizada, levando em consideração as necessidades individuais.
Estratégias para DPAC:
– Treinamento auditivo: Atividades que melhoram a habilidade de discriminar sons.
– Uso de tecnologia assistiva: Como sistemas de amplificação sonora (FM).
– Adaptações no ambiente: Redução de ruídos em sala de aula e organização de um espaço adequado para a escuta.
Estratégias para TDAH:
– Terapia comportamental: Ajuda a criança a desenvolver habilidades de autorregulação.
– Uso de organizadores visuais: Como checklists e agendas.
– Estímulos controlados: Dividir tarefas longas em partes menores.
Intervenções combinadas:
Quando há comorbidade, as estratégias para DPAC e TDAH devem ser integradas. Por exemplo, um professor pode combinar instruções curtas (ajuda no TDAH) com pistas visuais e auditivas claras (ajuda no DPAC).
O Papel da Escola e da Família
O sucesso das intervenções depende da parceria entre pais, professores e profissionais de saúde. Algumas práticas úteis incluem:
– Escola:
– Adaptação de metodologias de ensino.
– Comunicação frequente com a família sobre o progresso da criança.
– Família:
– Encorajamento do uso das estratégias recomendadas pelos profissionais.
– Manutenção de uma rotina estruturada em casa.
Conclusão
O DPAC e o TDAH podem apresentar desafios significativos, mas com diagnóstico preciso e intervenções adequadas, é possível proporcionar à criança uma vida escolar e social mais satisfatória. Identificar as diferenças entre as condições é o primeiro passo para oferecer um suporte eficaz. A integração entre escola, família e profissionais especializados é fundamental para ajudar a criança a alcançar seu pleno potencial.
Francis Bronzeli é pedagoga formada pela Universidade Mackenzie com ampla formação complementar nas áreas de psicopedagogia e neurociências aplicadas à educação. Possui pós-graduação em Psicopedagogia pela Universidade Oswaldo Cruz e em Neuropsicopedagogia e Educação Especial pela Faculdade Farese. Também se especializou em Neurociência e Psicologia Aplicada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e em Neurociência da Educação e Reabilitação Cognitiva pela UniFahe, além de possuir formação em Neurociência Clínica e Reabilitação Cognitiva pela UniFahe. Francis combina conhecimentos de pedagogia e neurociências para promover o desenvolvimento cognitivo e educacional de seus alunos.
