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A seletividade alimentar é um desafio comum entre crianças, especialmente aquelas com transtornos do neurodesenvolvimento, como o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Esse comportamento alimentar restritivo pode impactar diretamente a nutrição, o crescimento e o desenvolvimento infantil. A Terapia Ocupacional (TO) desempenha um papel essencial no tratamento da seletividade alimentar, ajudando a criança a expandir sua aceitação de alimentos e promovendo uma alimentação mais equilibrada.
O que é a Seletividade Alimentar?
A seletividade alimentar ocorre quando a criança recusa certos alimentos, aceita um número limitado de opções e pode apresentar reações intensas ao ser exposta a novas comidas. Esse comportamento pode estar relacionado a questões sensoriais, emocionais e comportamentais, tornando as refeições um momento desafiador para a família.
Como a Terapia Ocupacional Pode Ajudar?
A Terapia Ocupacional trabalha de forma multidisciplinar para abordar as causas da seletividade alimentar. A seguir, veja algumas formas como a TO auxilia:
1. Integração Sensorial
Crianças seletivas muitas vezes apresentam hipersensibilidade ou hipossensibilidade a texturas, cheiros e sabores. A Terapia Ocupacional utiliza estratégias de integração sensorial para ajudar a criança a tolerar diferentes estímulos e reduzir reações adversas a novos alimentos. Saiba mais sobre a integração sensorial neste artigo.
2. Exposição Gradual aos Alimentos
O terapeuta ocupacional pode planejar uma introdução progressiva de novos alimentos, respeitando o tempo da criança. Esse processo pode envolver brincadeiras com a comida, como tocar, cheirar e explorar texturas antes de comer.
3. Técnicas de Regulação Emocional
Muitas crianças com seletividade alimentar experimentam ansiedade e resistência na hora das refeições. A TO ensina estratégias de autorregulação emocional, como técnicas de respiração e relaxamento, para tornar a experiência alimentar mais positiva.
4. Treinamento de Habilidades Motoras Orais
Algumas crianças podem ter dificuldades na mastigação e deglutição. A Terapia Ocupacional, em parceria com a fonoaudiologia, pode auxiliar no desenvolvimento dessas habilidades, facilitando a aceitação de diferentes texturas de alimentos.
5. Criação de Rotinas Alimentares
A previsibilidade ajuda a criança a se sentir mais segura durante as refeições. O terapeuta pode sugerir estratégias para organizar o ambiente, como manter horários fixos, evitar distrações e criar um ambiente tranquilo para comer. Temos dicas sobre nutrição aqui.
Dicas para Famílias
- Seja paciente: A mudança ocorre de forma gradual.
- Evite pressão: Forçar a criança a comer pode piorar a recusa alimentar.
- Dê exemplo: Crianças tendem a imitar o comportamento alimentar dos pais.
- Inclua a criança no preparo das refeições: Isso pode aumentar o interesse pelos alimentos.
- Consulte um profissional: Um terapeuta ocupacional especializado pode desenvolver um plano personalizado para cada criança.
Sessão de Perguntas e Respostas (Q&A)
1. Como saber se meu filho tem seletividade alimentar?
Se seu filho recusa constantemente certos alimentos, aceita apenas um grupo limitado de opções e apresenta reações extremas ao experimentar novas comidas, ele pode ter seletividade alimentar. Um profissional pode avaliar melhor a situação.
2. A seletividade alimentar tem cura?
Não há uma “cura”, mas é possível melhorar significativamente a variedade de alimentos aceitos com estratégias adequadas e acompanhamento profissional.
3. Quanto tempo leva para ver melhorias na aceitação alimentar?
O tempo varia de acordo com cada criança. Depende da qualidade e quantidade de alimento na companhia de pais,avós e profissionais. É possível melhorar a variedade de alimentos provados e aceitos com estratégias adequadas. O importante é respeitar o ritmo da criança.
4. Quais são os sinais de alerta para buscar ajuda profissional?
Se a seletividade alimentar está afetando o crescimento, a nutrição ou causando grande estresse durante as refeições, é essencial procurar um terapeuta ocupacional ou outro profissional especializado.
5. A Terapia Ocupacional substitui o acompanhamento com nutricionista?
Não. A TO atua junto a outros profissionais, como nutricionistas e fonoaudiólogos, para oferecer um suporte completo à criança e sua família.
Conclusão
A Terapia Ocupacional é uma aliada fundamental no tratamento da seletividade alimentar, ajudando crianças a superar dificuldades sensoriais e emocionais relacionadas à alimentação. Com estratégias adequadas e acompanhamento profissional, é possível promover uma alimentação mais equilibrada e melhorar a qualidade de vida da criança e da família.
Dra. Ana Claudia Lima é terapeuta ocupacional e sócia da Clínica Grupo Amar, onde trabalha atualmente. Com vasta experiência na área, ela é aposentada do Departamento de Terapia Ocupacional (DTO), possui doutorado em Nutrição pelo Centro de Ciências da Saúde (CCS) da UFPE, e é certificada em Integração Sensorial pela University of Southern California (EUA). Ana Claudia também é treinada em técnicas e métodos como Bobath, Denver, ABA e Seletividade Alimentar, contribuindo amplamente para o desenvolvimento e bem-estar de seus pacientes.