A regulamentação da profissão de psicopedagogo é um tema que tem ganhado força nos últimos anos, impulsionado pela crescente valorização da saúde mental e da aprendizagem no Brasil. A psicopedagogia é uma área fundamental que atua na prevenção, diagnóstico e intervenção dos transtornos de aprendizagem, promovendo a inclusão e o sucesso escolar de crianças, adolescentes e até adultos.
Contudo, apesar da relevância dessa atuação, a profissão ainda não é regulamentada de forma definitiva no país, o que gera insegurança jurídica e desvalorização dos profissionais. Neste artigo, vamos mergulhar a fundo na importância, nos desafios e no futuro da regulamentação da psicopedagogia no Brasil.
O que é Psicopedagogia?
A psicopedagogia é um campo interdisciplinar que une conhecimentos da psicologia e da pedagogia com o objetivo de compreender os processos de aprendizagem e intervir quando há dificuldades. O psicopedagogo atua tanto na área clínica quanto institucional, identificando obstáculos no aprendizado e propondo estratégias para superá-los.
Essa atuação é especialmente importante em um cenário educacional desafiador como o brasileiro, onde fatores socioeconômicos, emocionais e cognitivos impactam diretamente o desempenho dos alunos.
História da Psicopedagogia no Brasil
A psicopedagogia começou a ganhar espaço no Brasil nas décadas de 1970 e 1980, influenciada por estudos europeus e argentinos. A consolidação da área se deu com a criação da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp) em 1980, que passou a defender os direitos dos profissionais e a fomentar pesquisas.
Desde então, a psicopedagogia vem crescendo, se consolidando como uma especialização essencial no contexto educacional e clínico.
Formação Acadêmica em Psicopedagogia
A formação em psicopedagogia, embora ainda não regulamentada por um conselho profissional específico, é tradicionalmente oferecida em cursos de pós-graduação lato sensu. Esses cursos são voltados para pedagogos, psicólogos, fonoaudiólogos e outros profissionais da área da saúde e educação, com duração média de 18 a 24 meses.
O currículo costuma abranger disciplinas como neurociência aplicada à aprendizagem, dificuldades específicas de aprendizagem, metodologias de intervenção, além de práticas clínicas supervisionadas. Esse preparo é essencial para garantir que o psicopedagogo atue com competência técnica e ética.
A Regulamentação da Profissão de Psicopedagogo
O maior marco recente relacionado à regulamentação foi a aprovação da Lei 13.935/2019, que estabelece a prestação de serviços de psicologia e serviço social nas redes públicas de educação básica. Ainda que essa lei não regulamente diretamente a psicopedagogia, ela abriu caminho para que o debate sobre a regulamentação da profissão ganhasse novo fôlego.
Há diversos projetos de lei tramitando no Congresso Nacional com o objetivo de regulamentar oficialmente a profissão de psicopedagogo. Tais projetos propõem critérios para o exercício profissional, exigência de formação específica e a criação de um conselho de classe para regulamentar e fiscalizar a atividade.
Quem Pode Atuar como Psicopedagogo?
Na ausência de regulamentação oficial, não há um órgão que determine quem pode ou não atuar como psicopedagogo. No entanto, as instituições de ensino e associações da área geralmente exigem formação em pedagogia, psicologia ou áreas afins, além de especialização em psicopedagogia.
Essa falta de regulamentação tem gerado preocupação entre os profissionais sérios da área, pois permite que indivíduos sem a devida formação se autodenominem psicopedagogos, colocando em risco a qualidade do atendimento.
Revista Psicopedagogia (ABPp) tem muito conteúdo a esse respeito!
O Papel da ABPp na Regulamentação
A Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp) tem sido a maior defensora da regulamentação da profissão. Atuando como porta-voz dos psicopedagogos brasileiros, a ABPp promove congressos, fóruns e encontros com parlamentares para discutir e apoiar a tramitação de projetos de lei voltados à regulamentação.
A associação também desenvolve códigos de ética e diretrizes de atuação profissional, servindo como uma referência de boas práticas enquanto a regulamentação oficial não é aprovada.
Vantagens da Regulamentação da Profissão
A regulamentação da profissão de psicopedagogo traria uma série de benefícios tanto para os profissionais quanto para a sociedade em geral:
- Valorização profissional: reconhecimento oficial da profissão;
- Segurança jurídica: definição clara de atribuições e responsabilidades;
- Qualidade do atendimento: exigência de formação adequada;
- Proteção ao cidadão: fiscalização contra atuações indevidas.
Além disso, a regulamentação pode ampliar a presença do psicopedagogo em espaços públicos, como escolas e hospitais, fortalecendo políticas públicas de educação e saúde.
Impactos da Regulamentação na Educação Básica
Com a regulamentação da profissão de psicopedagogo, as escolas poderão contar oficialmente com profissionais capacitados para atuar na prevenção e intervenção de dificuldades de aprendizagem. Isso tem impacto direto na qualidade da educação, na redução da evasão escolar e no acolhimento de alunos com necessidades educacionais especiais.
A presença do psicopedagogo na escola fortalece o trabalho em equipe entre professores, psicólogos e outros profissionais, promovendo um ambiente mais inclusivo e eficiente para o ensino-aprendizagem.
Psicopedagogia Clínica x Institucional
A regulamentação da profissão de psicopedagogo também favorece o reconhecimento das duas principais vertentes da atuação psicopedagógica: a clínica e a institucional. Na clínica, o profissional atua em consultórios, realizando avaliações e intervenções individualizadas com foco nas dificuldades de aprendizagem de crianças, adolescentes e adultos.
Já na institucional, o psicopedagogo trabalha em escolas, empresas ou hospitais, atuando de forma preventiva e coletiva. A regulamentação ajudaria a estabelecer diretrizes específicas para cada modalidade, valorizando ambas igualmente no mercado de trabalho.
Temos um artigo sobre a prática da Psicopedagogia Clínica
Mercado de Trabalho para Psicopedagogos
O mercado de trabalho para o psicopedagogo é amplo e promissor, especialmente em tempos de maior valorização da saúde mental e da aprendizagem. Com a regulamentação, espera-se uma maior abertura de vagas formais em:
- Escolas públicas e privadas.
- Clínicas multidisciplinares.
- Hospitais pediátricos e de reabilitação.
- Instituições de ensino superior.
- Órgãos governamentais de educação.
A formalização da profissão traria maior estabilidade, melhor remuneração e reconhecimento social para esses profissionais.
Reconhecimento Legal da Profissão
Apesar dos esforços, ainda não há uma lei federal que reconheça oficialmente o psicopedagogo como profissão regulamentada. No entanto, a jurisprudência brasileira já possui decisões que reconhecem a importância da atuação psicopedagógica e sua relevância na promoção da aprendizagem.
A regulamentação traria segurança jurídica para o exercício da atividade, coibindo práticas amadoras e fortalecendo a identidade profissional do psicopedagogo.
Importância de um Conselho Profissional
A criação de um conselho profissional específico para os psicopedagogos é um dos pontos centrais defendidos pelas associações da área. Esse conselho teria a função de:
- Estabelecer diretrizes éticas;
- Regulamentar a prática profissional;
- Fiscalizar o exercício da profissão;
- Defender os direitos dos psicopedagogos.
Tal entidade seria essencial para garantir a qualidade do serviço oferecido e a proteção da sociedade.
Projetos de Lei em Tramitação
Diversos projetos de lei já foram apresentados ao Congresso Nacional com o objetivo de regulamentar a profissão. Um dos mais notórios foi o PL 3512/15, que propôs critérios de formação e atuação para o psicopedagogo, mas ainda aguarda aprovação.
Saiba mais sobre o Projeto de Lei
Outros PLs tratam da inclusão do psicopedagogo no quadro de profissionais da educação básica, reforçando sua importância dentro da escola. A mobilização da categoria é essencial para que esses projetos avancem.
Como a Sociedade Vê a Psicopedagogia?
A psicopedagogia ainda é pouco compreendida pela população em geral. Muitos pais e até educadores confundem o papel do psicopedagogo com o de psicólogos ou professores de reforço escolar. A regulamentação traria clareza à sociedade sobre a importância da profissão e suas contribuições para a aprendizagem.
Com maior visibilidade, a sociedade tende a valorizar mais o psicopedagogo, recorrendo a esse profissional sempre que necessário.
Casos de Sucesso com Intervenções Psicopedagógicas
Há inúmeros casos de sucesso em que a intervenção psicopedagógica transformou trajetórias escolares. Crianças com dislexia, TDAH, transtornos de linguagem ou defasagens educacionais severas conseguiram retomar o aprendizado graças ao acompanhamento de um psicopedagogo.
Esses relatos, quando divulgados, reforçam a importância da atuação profissional qualificada e a necessidade de reconhecimento legal da profissão.
FAQs sobre Regulamentação da Profissão de Psicopedagogo
Por que a regulamentação da profissão de psicopedagogo é importante?
Porque garante segurança jurídica, valorização da carreira e qualidade no atendimento às dificuldades de aprendizagem.
Quem pode ser psicopedagogo atualmente?
Profissionais com graduação em áreas como pedagogia, psicologia ou afins, que tenham cursado especialização em psicopedagogia.
A regulamentação já foi aprovada no Brasil?
Ainda não. Existem projetos de lei em tramitação, mas nenhum foi sancionado até o momento.
Quais são os benefícios da regulamentação para as escolas?
Ter profissionais qualificados, com formação adequada, para atuar na prevenção e intervenção em dificuldades de aprendizagem.
O que muda com a criação de um conselho profissional?
Haveria maior controle, regulamentação ética e proteção ao exercício da profissão.
Como apoiar a regulamentação da profissão?
Participando de associações como a ABPp, divulgando a importância da psicopedagogia e pressionando parlamentares pela aprovação das leis.

Sou uma profissional apaixonada pela educação e pela psicopedagogia, com sólida experiência na criação de conteúdos educativos. Sou pedagoga, psicopedagoga clínica e institucional, neuropsicopedagoga e especialista em TEA, com formação em ABA, PECS e TEACCH. Atualmente, estou embarcando em uma nova jornada: a graduação em Psicologia.