A autoestima em crianças e adolescentes é um dos pilares mais importantes do desenvolvimento saudável. Ela molda como os pequenos e jovens veem a si mesmos, enfrentam os desafios do mundo e constroem relações interpessoais. Ter uma autoestima bem estruturada é fundamental para a formação da identidade, a resiliência emocional e a confiança para encarar mudanças e pressões, especialmente durante as fases mais turbulentas da infância e da adolescência.
Desde cedo, os pequenos já demonstram sinais de como se percebem. Uma criança que é incentivada, escutada e valorizada tende a desenvolver uma autoimagem mais positiva. Já um adolescente que enfrenta críticas constantes ou negligência pode sentir-se inseguro, perdido ou até mesmo desenvolver quadros de ansiedade ou depressão. Por isso, fortalecer a autoestima deve ser uma prática diária, constante e cheia de carinho.
Ao longo deste artigo, vamos explorar em profundidade os sinais de baixa autoestima, os papéis da família, escola e sociedade nesse processo, além de trazer estratégias práticas e afetivas para cultivar uma autoestima saudável desde cedo.
Sinais de baixa autoestima
Identificar os sinais de baixa autoestima em crianças e adolescentes é essencial para agir rapidamente e evitar que esses sentimentos negativos se aprofundem. A criança pode começar a evitar desafios simples, mostrar medo excessivo de errar ou se comparar negativamente com outras. Já o adolescente, muitas vezes, expressa sua baixa autoestima através do isolamento, da irritabilidade ou da dificuldade em aceitar elogios.
Além disso, frases como “eu não sou bom nisso”, “ninguém gosta de mim” ou “não consigo fazer nada direito” são indicativos claros de que algo precisa de atenção. Em muitos casos, essas expressões não são apenas desabafos momentâneos, mas revelações do que sentem constantemente. O importante é acolher essas falas sem julgamento, oferecendo escuta ativa e apoio.
Impactos da baixa autoestima
A baixa autoestima pode afetar diferentes áreas da vida de crianças e adolescentes. No ambiente escolar, por exemplo, pode levar à queda de rendimento, medo de participar das aulas ou recusa em realizar trabalhos em grupo. Em casa, pode se manifestar como desânimo, irritação constante ou falta de interesse por atividades que antes eram prazerosas. Leia mais sobre isso aqui!
Em termos emocionais, a criança ou o adolescente com baixa autoestima tende a se sentir inferior, culpado ou incapaz. Isso pode se agravar e evoluir para quadros de ansiedade, depressão e outros transtornos psicológicos. Além disso, a forma como se relacionam com os outros também é impactada – amizades frágeis, medo de rejeição ou comportamento agressivo são reações comuns.
O papel da família na autoestima em crianças e adolescentes
A família é o primeiro e mais importante grupo social de uma criança, e por isso exerce uma influência determinante na construção da autoestima. Um ambiente familiar acolhedor, respeitoso e cheio de afeto é o terreno ideal para que a criança desenvolva segurança e autoconfiança.
Pais e responsáveis devem agir como espelhos positivos, refletindo segurança e empatia. Demonstrar interesse genuíno pelas emoções e conquistas dos filhos, por menores que sejam, ajuda a fortalecer sua autoestima. Uma simples escuta atenta, um elogio sincero ou um abraço na hora certa pode fazer toda a diferença.
Comunicação afetuosa
A forma como nos comunicamos com as crianças e adolescentes é determinante para a formação da autoestima. Falar com empatia, respeito e paciência, mesmo nos momentos de correção, evita que a criança associe o erro à sua identidade. Por exemplo, dizer “você é bagunceiro” é muito mais prejudicial do que “você fez uma bagunça agora, vamos organizar juntos?”
A comunicação não violenta fortalece os vínculos e gera confiança. Quando os filhos percebem que podem se expressar sem medo de julgamentos ou punições severas, se sentem mais seguros para compartilhar sentimentos, dúvidas e até falhas.

O poder dos elogios sinceros
Elogiar com sinceridade, na medida certa, tem um impacto profundo na autoestima. O reforço positivo ajuda a criança a perceber que é valorizada e reconhecida por quem é e pelo que faz. No entanto, é importante que os elogios sejam específicos e verdadeiros, evitando exageros ou comparações com outras crianças.
Dizer “fiquei muito orgulhoso de como você resolveu aquele problema com calma” é muito mais eficaz do que um simples “parabéns” genérico. O foco deve estar no esforço, no processo e não apenas no resultado final.
Estabelecendo limites saudáveis
Ao contrário do que muitos pensam, limites bem definidos não reprimem a autoestima – eles a fortalecem. Crianças e adolescentes precisam entender o que é esperado delas e quais são as consequências de suas ações. Isso lhes dá uma sensação de segurança e pertencimento.
Estabelecer limites com firmeza e afeto ensina responsabilidade e mostra que os pais estão presentes, atentos e preocupados com seu bem-estar. A consistência nas regras transmite estabilidade emocional, o que é essencial para o desenvolvimento da autoestima.
Exemplo dos pais e cuidadores
As crianças aprendem muito mais pelo exemplo do que por palavras. Se os pais demonstram autoestima, respeito por si mesmos e pelas emoções alheias, isso será naturalmente absorvido. Um adulto que se valoriza, cuida da saúde emocional e lida com os próprios erros com maturidade está, sem querer, ensinando essas mesmas atitudes.
A maneira como os pais se referem a si mesmos também importa. Frases como “sou burro mesmo” ou “nada dá certo pra mim” podem ser internalizadas pelos filhos, mesmo sem intenção.
Participação na vida escolar
A escola é um dos principais espaços de convivência social na infância e adolescência. Quando a família se mostra interessada e presente nesse ambiente, transmite à criança ou ao jovem a ideia de que seu desenvolvimento intelectual e social é importante.
Participar de reuniões, ajudar nas tarefas quando necessário, conversar sobre o que aconteceu no dia escolar e reconhecer os avanços — mesmo os pequenos — fazem a criança se sentir valorizada. Isso também contribui para a construção de vínculos positivos com professores, colegas e com o próprio processo de aprendizado.
Autoestima em adolescentes: desafios específicos
Na adolescência, a autoestima passa por altos e baixos com mais intensidade. Isso ocorre porque o adolescente está em uma fase de transição, tentando entender quem é, o que sente, como quer se expressar e qual seu papel no mundo. As transformações físicas, hormonais e emocionais tornam esse processo ainda mais complexo.
Além disso, o desejo de ser aceito, o medo de julgamento e as comparações são frequentes. Por isso, é essencial que a família e os educadores estejam atentos aos sinais de sofrimento emocional e ofereçam suporte constante. Mostrar que errar faz parte, que eles são importantes e têm valor independente do desempenho ou da aparência é um passo fundamental para fortalecer a autoestima.
Redes sociais e comparação
As redes sociais, embora possam ser ferramentas incríveis de conexão, também representam uma fonte constante de comparação, especialmente entre adolescentes. A exposição a padrões irreais de beleza, sucesso ou felicidade pode minar a autoestima de quem ainda está construindo sua identidade. Leia mais sobre isso aqui!
É importante dialogar com os jovens sobre o que é real e o que é filtrado. Incentivar o uso consciente da internet, estimular conversas sobre sentimentos que surgem após o consumo de determinados conteúdos e reforçar o valor único de cada um são formas de equilibrar esse cenário.
Incentivar hobbies e talentos
Uma maneira eficaz de fortalecer a autoestima em crianças e adolescentes é incentivá-los a explorar seus talentos e interesses. Seja através da música, da dança, da escrita, do esporte ou da arte, desenvolver uma habilidade proporciona prazer, autoconhecimento e sentimento de competência.
Valorizar o esforço, acompanhar de perto e celebrar as conquistas, mesmo que pequenas, ajuda o jovem a perceber suas capacidades e a construir uma imagem positiva de si mesmo.

Desenvolver a autonomia
Permitir que a criança ou o adolescente tome decisões apropriadas para a sua idade é uma forma poderosa de promover autoestima. Autonomia não significa deixar fazer tudo sozinho, mas permitir escolhas dentro de limites seguros. Leia mais sobre isso aqui!
Escolher a roupa, ajudar no preparo de uma refeição, administrar a mesada ou decidir como organizar os estudos são ações que promovem responsabilidade, confiança e senso de competência.
Criação de rotinas positivas
Uma rotina estruturada e equilibrada oferece segurança emocional. Saber o que esperar ao longo do dia ajuda a criança a se organizar internamente, favorecendo o controle emocional e a autoestima. Leia mais sobre isso aqui!
Rotinas que incluem momentos de lazer, sono de qualidade, tempo com a família e atividades físicas contribuem para um ambiente de bem-estar, essencial para o fortalecimento emocional.
Incentivo à resiliência
A autoestima saudável está diretamente ligada à capacidade de lidar com frustrações. Ensinar que errar faz parte, que desafios são oportunidades de aprendizado e que os sentimentos ruins também passam é essencial.
Ao invés de proteger em excesso, os adultos devem apoiar os jovens a enfrentarem os obstáculos com coragem e reflexão. Frases como “você tentou com dedicação, isso é importante” ajudam mais do que apenas evitar o sofrimento.
Promoção de hábitos saudáveis
A saúde física influencia diretamente a saúde emocional. Incentivar bons hábitos de sono, alimentação balanceada e prática regular de atividades físicas contribui para o bem-estar integral da criança e do adolescente.
Esses cuidados com o corpo ajudam a manter a mente mais equilibrada, reduzem a ansiedade e fortalecem o sentimento de autocuidado, o que impacta positivamente a autoestima.
Atividades em grupo
Participar de atividades em grupo, como esportes, projetos artísticos, teatro, escotismo ou grupos comunitários, é uma ótima forma de desenvolver habilidades sociais e emocionais. Nessas interações, crianças e adolescentes aprendem a colaborar, lidar com conflitos, expressar opiniões e sentir-se parte de algo maior.
Essas experiências fortalecem a autoestima ao proporcionar senso de pertencimento, reconhecimento social e valorização de habilidades individuais dentro de um coletivo.
Estimular o autoconhecimento
Desde cedo, é importante estimular momentos de reflexão e autoconhecimento. Perguntar o que a criança gosta de fazer, como ela se sente em determinadas situações, ou o que pensa sobre algo, ajuda a desenvolver sua consciência emocional.
Essa prática favorece uma autoestima mais sólida, baseada no entendimento das próprias emoções, limites e qualidades. Diálogos diários e atividades como diários, leitura ou desenhos podem ser recursos valiosos nesse processo.

Técnicas de mindfulness e relaxamento
Técnicas de respiração, meditação guiada e mindfulness têm sido cada vez mais aplicadas em contextos educacionais e familiares com resultados positivos. Elas ajudam a criança e o adolescente a desenvolver foco, autorregulação emocional e consciência corporal.
Além disso, essas práticas reduzem a ansiedade e o estresse, fatores que, quando em excesso, impactam negativamente a autoestima. Dedicar alguns minutos do dia a esses exercícios pode ser transformador.
Evitar comparações entre irmãos
Comparações são um dos maiores sabotadores da autoestima. Quando um filho é comparado com outro — seja por comportamento, desempenho escolar ou aparência — ele pode desenvolver um sentimento de inadequação.
Cada criança é única e deve ser valorizada por suas particularidades. O papel dos pais é reforçar essas individualidades e promover um ambiente de amor e aceitação para todos os filhos.
Ambientes escolares inclusivos
Ambientes escolares inclusivos e respeitosos são fundamentais para o desenvolvimento saudável da autoestima. A escola deve ser um espaço onde todos se sintam seguros para aprender, errar, conviver e crescer.
Políticas de combate ao bullying, valorização da diversidade, escuta ativa dos alunos e incentivo ao respeito mútuo criam uma cultura escolar positiva que contribui significativamente para o bem-estar emocional.
Papel dos professores e educadores
Educadores são figuras de referência na vida das crianças e adolescentes. Um professor que acolhe, motiva e respeita seus alunos tem o poder de transformar suas vidas. Pequenas atitudes como reconhecer um esforço, elogiar uma resposta bem pensada ou incentivar a participação fazem toda a diferença.
A formação contínua de educadores para lidar com questões emocionais e sociais é essencial para que eles possam apoiar de forma eficaz o desenvolvimento da autoestima dos seus alunos.
Apoio psicológico quando necessário
Nem sempre é possível lidar com todas as questões emocionais apenas com o apoio familiar ou escolar. Em alguns casos, o suporte de um psicólogo infantil ou adolescente é fundamental para ajudar a criança a entender e superar suas dificuldades.
Buscar ajuda profissional não é sinal de fraqueza, mas de cuidado e responsabilidade. Quanto mais cedo forem oferecidos esses recursos, melhor será o desenvolvimento emocional e a construção da autoestima.

Estimular leitura e expressão
A leitura é uma poderosa ferramenta para a construção da identidade e da autoestima. Ao se identificarem com personagens, refletirem sobre histórias e ampliarem sua visão de mundo, crianças e adolescentes desenvolvem empatia e repertório emocional. Leia mais sobre isso aqui!
Além disso, atividades de escrita, teatro, contação de histórias ou desenho favorecem a expressão de sentimentos e ajudam a organizar as emoções internas.
Criando memórias positivas
As experiências que vivemos durante a infância e adolescência moldam grande parte de nossa autoestima. Criar momentos afetivos em família, viagens, jogos, risadas e até refeições em conjunto são pequenas ações que ficam registradas na memória afetiva.
Essas lembranças funcionam como âncoras emocionais, ajudando o jovem a lembrar que é amado, valorizado e pertence a um espaço de segurança.
A importância do diálogo aberto
O diálogo é a ponte que liga o mundo interior da criança ao mundo adulto. Ter abertura para conversar sobre qualquer assunto, sem julgamentos, promove segurança emocional e fortalece os laços familiares.
É por meio do diálogo que se desenvolvem a empatia, o respeito e o autoconhecimento — todos ingredientes essenciais para uma autoestima saudável.
Como lidar com críticas
Aprender a lidar com críticas de forma construtiva é uma habilidade emocional poderosa. Crianças e adolescentes que conseguem entender que errar não é sinônimo de fracasso desenvolvem maior resiliência e confiança.
A forma como os adultos apresentam a crítica também influencia: substituir frases acusatórias por sugestões de melhoria e foco na ação, não na pessoa, ajuda a preservar a autoestima e ao mesmo tempo ensinar.
Celebrar pequenas conquistas
Reconhecer as pequenas vitórias do dia a dia é uma forma simples e eficaz de fortalecer a autoestima. Cada progresso, cada desafio vencido, cada superação merece ser valorizado.
Celebrar não precisa envolver grandes prêmios — um sorriso, um elogio, um “estou orgulhoso de você” já é o suficiente para mostrar que o esforço foi percebido.
Conclusão
Fortalecer a autoestima em crianças e adolescentes é uma missão contínua, que exige presença, empatia, paciência e amor. Ao criar ambientes acolhedores, estimular a autonomia, valorizar a individualidade e manter um diálogo constante, contribuímos significativamente para que eles cresçam confiantes, seguros e prontos para enfrentar o mundo com coragem e equilíbrio.
Cuidar da autoestima é cuidar do futuro. Invista diariamente nesse processo e seja parte ativa na construção de jovens emocionalmente saudáveis e realizados.
FAQs sobre Autoestima em Crianças e Adolescentes
Como identificar baixa autoestima em uma criança?
A criança pode demonstrar insegurança, medo de errar, dificuldade em fazer amigos ou expressar frases negativas sobre si mesma.
Qual a importância da autoestima na adolescência?
A autoestima influencia na formação da identidade, nas relações sociais e no equilíbrio emocional durante essa fase cheia de mudanças.
Como os pais podem ajudar a fortalecer a autoestima dos filhos?
Através do diálogo aberto, escuta ativa, valorização das conquistas, estímulo à autonomia e exemplo positivo no dia a dia.
Redes sociais prejudicam a autoestima dos adolescentes?
Podem sim, se usadas sem orientação. A comparação constante com padrões irreais pode gerar inseguranças e baixa autoestima.
O que fazer quando a autoestima está muito baixa?
Buscar ajuda profissional é essencial. Um psicólogo pode ajudar a criança ou o adolescente a reconstruir sua autopercepção de forma saudável.
É errado elogiar demais?
Elogiar é positivo, mas precisa ser sincero, específico e equilibrado. Elogios exagerados ou comparativos podem gerar efeitos negativos.

Sou uma profissional apaixonada pela educação e pela psicopedagogia, com sólida experiência na criação de conteúdos educativos. Sou pedagoga, psicopedagoga clínica e institucional, neuropsicopedagoga e especialista em TEA, com formação em ABA, PECS e TEACCH. Atualmente, estou embarcando em uma nova jornada: a graduação em Psicologia.